Eu não sou dona do meu corpo
E nem da minha alma
Não sou dona das minhas escolhas
Nem do meu destino
Sou apenas uma refém de um sistema que me aprisiona
Apenas mais um ventríloquo da sociedade que me pressiona
Tenho que estar bem pra aguentar mais um dia de exploração do meu corpo
Tenho que estar animada pra todo evento social que tiver a obrigação de ir
E sorrir, como se nada aqui dentro estivesse sangrando
Queria eu divagar o suficiente pra esquecer as mazelas da rotina
Onde a morbidez do corporativismo não se embrionasse em minhas vísceras
Queria que resiliência fosse verdade e não mais um mote para fortalecer o capitalismo
Como se fosse coerente incentivar as pessoas a se matarem para trabalhar
E morrerem trabalhando